O Reisado constitui um folguedo natalino com caráter profano-religioso filho dos Congos, de quem herdou a estrutura de corte e batalhas reais e somou seus diversos entremeios. Chegou ao Ceará, provavelmente no final do século 19 e se adaptou de tal forma que hoje temos uma linguagem própria, principalmente na região do Cariri.
Seu espetáculo compõe-se de Marcha de Cortejo, Abertura de Porta, entrada, Louvação do Divino, Execução de Peças e Entremeios, Brincadeiras de Mateus e Catirina, Despedida e Batalhas de Espada.
Os entremeios são personagens do cenário popular como o Jaraguá, Guriabá, Boi, Burrinha, Veadinho, Mamãe Velha, o Tio Anastácio, a Alma e o Cão, que entram em cena quando são convidados e animam e encantam ainda mais a brincadeira.
O Reisado Mirim do Menino Deus é parte da União dos Artistas da Terra da Mãe de Deus que inaugura uma linguagem no que se refere aos trajes, aos capacetes, á forma de confecção de bonecos para entremeios e um repertorio com composições próprias. Tem seu brilho no olhar e na vontade de cada criança que é responsável por manter acesa a chama da cultura popular.
É formado por crianças e adolescentes do bairro João Cabral no município de Juazeiro do Norte que participam das atividades na sede da União e tiveram contato com os Mestres de Reisado e Guerreiro bem como com outros grupos da sede e da região. As crianças são envolvidas nas ações do Vida Viva que compartilha da possibilidade de fartura de pão e agasalho para todos a partir do que nos podemos fazer por nós mesmos, que motiva ações como oficinas de alimentos regionais na sede e em locais públicos como praças e Horto (local turístico religioso onde fica a estatua do Padre Cícero), distribuição de mudas de plantas floríferas, frutíferas e arboríferas, e apresentação de espetáculos para a comunidade em geral.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
A Pedra da Batateira pede socorro!
Rema, rema, reô
Rema, rema rea
Da pedra a água brotou
E o sertão virou mar
Rema rema reô
Da pedra a água brotou
E o sertão virou mar
Rema rema reô
Rema rema rea
Me acuda bom senhor
Que o mar vai me carregar
Trecho da música Pedra da batateira – Sol na Macambira
Conta a lenda que os Índios Cariris aprisionaram a Mãe d’água na forma de uma serpente embaixo da chapada do Araripe a fim de evitar sua destruiçao pelo homem branco e “civilizado” que chegara ao Vale do Encanto. E que haverá o dia em que a Mãe d’água se libertará e inundará toda a regiao do Cariri fazendo com que o “sertão vire mar’.
Me acuda bom senhor
Que o mar vai me carregar
Trecho da música Pedra da batateira – Sol na Macambira
Conta a lenda que os Índios Cariris aprisionaram a Mãe d’água na forma de uma serpente embaixo da chapada do Araripe a fim de evitar sua destruiçao pelo homem branco e “civilizado” que chegara ao Vale do Encanto. E que haverá o dia em que a Mãe d’água se libertará e inundará toda a regiao do Cariri fazendo com que o “sertão vire mar’.
Hoje ao visitar a Pedra da Batateira ou nascente do rio Batateiras em Crato-CE, dá para ter uma idéia do medo que permeava o coraçao dos Cariris ao realizar tal ato. Atualmente a nascente do rio encontra-se tristemente encanada e privatizada por uma sociedade anonima.
Como se nao bastasse privatizar um bem universal com direito a guarda na porta, ainda cometem um grave crime ambiental ao cobrir com telas os corregos da nascente, isso impossibilita portanto que a natureza siga seu curso no sentido de plantas se perpetuarem, bichos matarem sua sede ou se reproduzirem – como é o caso do soldadinho do araripe que esta quase em extinsao.
Alem disso a situaçao de risco nao se restringe a nascente, acompanha o rio em todo seu percurso. Seja no represamento de suas aguas em grandes mansoes ou pequenas propriedades ou na cruel poluiçao. As aguas do rio recebem desde esgotos particulares a lixo como garafas de plastico e vidro, latinhas, papeis, embalagens de comidas, preservativos, pontas de cigarro, roupas, sandalias entre outros itens de dificil degradaçao ambiental. Até mesmo a “empresa” que colocou os canos na nascente deixou lixo no local como bisnagas de cola para canos, vassouras e sacolas. Para confirmar essa lamentavel situaçao basta fazer uma visita á nascente o rio, tambem conhecida como tanque dos malucos, e á famosa cascata do Crato.
É tao terrivel que as pessoas que conheceram o local ha uns 30 anos atras se recusam a ver as fotos de como se encontra atualmente, nao por covardia mas porque imaginam como se encontram e partilham do terrivel sentimento de impotencia frente as empresas e os coroneis da água. E nao basta limpar esses locais quando visito, penso que se existe ainda alguma esperança em salvar essa fonte de aguas criatalinas que encontra-se fechada, acorrentada, encanada e privatizada com um guarda na entrada, devemos tomar uma atitude que va alem de reclamar, mesmo que isso represente um grande risco a nossa integridade.
Já que nao podemos fazer como os indios gostaria pelo menos que as entidades governamentais ou nao responsaveis pela saude e vida dessas aguas tomassem atitudes de proteçao real.
o que seria viver dignamente?
Eis uma pergunta que com certeza traz muitas respostas. E para algumas pessoas seria ter um carro do ano, colocar os filhos nos colégios mais caros, ter um bom plano de saúde e tomar sua cerveja com churrasco no domingo.
Fico verdadeiramente com pena de quem chama qualquer mobilização e tem esse tipo de ponto de vista por traz das reivindicações, pois isso mostra o quanto a “luta” é vazia. Visto que se alguém reivindica aumento de salário para dar boa educação aos filhos colocando-os numa escola cara, isso significa que alem de alienado, em achar que ser adestrado para fazer um vestibular é sinônimo de boa educação, trata-se também de um acomodado, pois é muito dura a luta de ser cidadão comum e exigir um ensino publico de qualidade, que já nos custa bem caro em todos os impostos que pagamos.
Da mesma forma em relação a saúde, o meio mais pratico de ter uma boa assistência á saúde é desembolsar alguns caros reais mensalmente para alimentar a industria dos planos de saúde. Infelizmente essa é uma realidade brasileira que é somada como um dos fatores responsáveis pelo desmoronamento do que deveria ser o Sistema Único de Saúde. Até mesmo os profissionais do SUS se vendem aos planos de saúde, que ironia não é mesmo?
Pergunto novamente, será que ter uma vida digna é ter subsídios o suficiente para se isolar das mazelas sociais a que o povo esta mergulhado? É se tornar cada vez alienado e acomodado em pagar para ter em vez de lutar para conquistar? É achar que porque se carrega um ou vários diplomas é um ser superior que não “merece” trabalhar como tantos outros brasileiros?
E o que diríamos dos pedreiros, lavadeiras, arrumadeiras, professores, garis, cozinheiros, brincantes populares, agricultores e muitos outros trabalhadores do povo, não tem uma vida digna ou não merecem altos salários por não estarem “salvando vidas”?
Entendam minha pretensão não consiste em enfraquecer qualquer reivindicação salarial, é tentar levar uma reflexão do que se quer com isso e os resultados sociais que essa reivindicação salarial podem trazer. É tentar mostrar que o argumento de “ter dois ou três vínculos empregatícios para viver dignamente” é um argumento fraco aos olhos das pessoas criticas, alem de ser uma ilusão capital que só aumenta o abismo entre os vários setores do povo. Se isolar dos problemas e das lutas do povo, não é bem uma atitude digna é uma atitude fácil, pois ao se isolar desses problemas (que é a grande filosofia do capitalismo) é concordar com o massacre social a que as classes do povo estão expostas.
É por isso que falo que essa ideologia por traz das reivindicaçoes torna a luta vazia, pois trata-se de uma luta egoista. E por isso nao acarretará grandes resultados, alem das contas bancarias da categoria.
Por fim pergunto o que faz mais sentido trabalhar bem para ser bem pago ou ser bem pago para trabalhar bem? Eis uma incógnita que aqui no nosso cariri tem se mostrado bem difícil de se resolver em varias categorias profissionais, porque nem sendo bem pago a maioria dos profissionais trabalha bem.
Por fim pergunto o que faz mais sentido trabalhar bem para ser bem pago ou ser bem pago para trabalhar bem? Eis uma incógnita que aqui no nosso cariri tem se mostrado bem difícil de se resolver em varias categorias profissionais, porque nem sendo bem pago a maioria dos profissionais trabalha bem.
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